Entre teus braços


Eu te deixei escapar pelos meus braços. Literalmente. Eu deixei meus braços soltos ao lado do meu corpo, enquanto os seus me envolviam por inteira, eu estática enquanto você me dava seu corpo inteiro, e eu não te segurei.

Não importa quantos sorrisos eu te dei antes e depois daquele abraço que você me deu e eu não soube retribuir. Não importa quantas vezes eu tenha perguntado como foi seu dia, como andam os estudos, como vai a sua vó, não importa.

Meus olhos podem tentar te dizer o quanto eu quero tentar de novo “Vamos lá, me ofereça seus braços, eu quero me lançar. Eu quero segurar você, bem forte, eu quero que a gente não se segure mais”.  Eu não tenho mais medo que flagrem nossos olhares, que fiquem comentando pelos corredores e eu não me importo mais de ouvir indiretas sobre isso que a gente finge que não existe, mas todo mundo ao nosso redor já percebeu.

Mas não te digo nada. Fico parada te olhando chegar. Te olhando sorrir, te olhando ir embora.  Eu queria voltar àquele momento, eu queria que quem nos flagrou tivesse visto muito mais, que alguém se entregando e outro alguém apenas recebendo. Eu não esqueço do quão confortável fiquei entre teus braços, com o rosto em seu peito, por um tempo mais longo que qualquer abraço que eu já tenha dado.

Eu não esqueço que te deixei escapar pelos meus braços.  E agora eu não sei como te manter por perto. 
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