Aquela coisa clichê




Vai embora, some! Eu pedi em um tom educado e sufocando um por favor, não me deixe aqui sozinha com o pior de mim. Eu preciso do teu colo pra me aguentar. Seria o pedido mais injusto, contudo o mais sincero e importante que eu teria feito. Eu amava a solidão antes de você.

O inverno tá chegando eu não vou aguentar meu frio de dentro sem tuas mãos pra me aquecer. Não deixe meu coração hibernar de novo. Fica, eu pensei enquanto batia a porta. Fui dormir aos prantos pensando se algum dia eu teria coragem dizer o que sinto sem ter medo de ouvir que você também sente ou que sente muito e não é nada disso.

Não importa o que eu disser daqui pra frente, eu já te pedi pra ir embora, como se fosse realmente o que eu queria. Eu só queria que você tivesse se imposto e dito que iria ficar, que era evidente que eu precisava de você, que iria me fazer um chá, ou um café, quem sabe abrir um vinho e me ouvir falar.

Eu só queria que você tivesse dito alguma algo, e que o barulho da porta batendo não fosse um eco insistente nos meus ouvidos. Me perdoa eu não sei dizer, fazer, sentir. Eu tenho que aprender tudo de novo e não é justo te pedir pra me ajudar a superar dificuldades que não foi você quem causou.

Mas é que hoje eu não consigo dormir sem aquele remédio que você me dava, e me acalmava, e me fazia dormir sorrindo, mesmo depois de tantas lágrimas. Eu não sei o que fazer sem você. 
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