Assim o amor pode ser para sempre

 “I want to reconcile the violence in your heart
I want to recognize your beauty's not just a mask
I want to exorcize the demons from your past
I want to satisfy the undisclosed desires in your heart”

Undisclosed Desires - Muse

 
Quero o direito de errar. Quero poder gritar, apontar o dedo, te acusar de querer alguém vulgar não eu. Exatamente como já fiz. Quero o direito de não querer avisar ninguém que estamos juntos, de querer esconder você, de me esconder com e em você, quero o direito de esconder o amor, nesses tempos de superexposição.

Quero o direito de poder discordar de mim, quando digo que não dá mais. Quero o direito de poder reclamar de ti. Quero o direito de ligar quando quiser, seja pra pedir desculpa seja pra te xingar. Quero o direito de ser menos delicada. Te acusar de insensível, imaturo, socialmente inaceitável. Quero o direito de dizer que te amo, depois de dizer tudo isso. Quero poder te chamar de idiota, cretino, meu amor. Quero poder xingar teu time, tua banda favorita, detestar a tua mãe. Quero poder evitar encontrá-la.

Quero que você me queira, além da poesia, além dos carinhos, nos dias doces, nos dias amargos, quero que me encontre todos os dias da TPM, para suportar meus surtos de raiva, incompreensão e carência.  Quero poder desligar o celular e saber que ficará tudo bem quando ligar e eu não atender. Quero poder terminar e voltar, ir e chegar sem dar muitas explicações.

Me aceita assim?

Se disser que sim, eu te aceito também. Nos domingos em frente à tv, vendo jogos dos times que não me interessam, te aceito mesmo você odiando MPB, Muse, Kings of Leon, Killers, Abril. Te aceito com esse óculos escuro que eu detesto, com esse tênis largo, com essa calça grande, com essa camisa apertada. Te aceito com essa fobia de família e amigos super simpáticos, te aceito mesmo quando você não entende as poesias e me pede para explicar.

Te aceito com sua agenda apertada, com sua postura nada educada na hora de argumentar, te aceito com palavrões escapando, com verdades ditas para magoar, te aceito querendo ficar sozinho quando algo ruim acontece, te aceito quando me deixa em casa, quando vai pro futebol, quando não me deixa ganhar no vídeo game. Te aceito com sua mania de me pedir pra tomar menos café, de me lembrar que se eu voltar a fumar me mata, de me mandar ler mais biografias, menos romances, de me instigar a voltar a compor, de me fazer tentar escrever sobre outra coisa que não amor.

Te aceito com esse jeito estúpido de me pedir menos romance, mais ação. Te aceito quando reclama da minha comida, quando deixa o café fraco e doce, quando não joga o lixo, quando me diz para ser menos dramática, menos Maria do Bairro, menos má, menos Paola Bracho. Te aceito com seu jeito menos doido, menos falante, menos alternativo. Menos eu. Mais você. Te aceito com reticências. Aceite minhas aspas, minhas exclamações, minhas vírgulas entre sujeito e verbo. Aceite esse sujeito indefinido que sou. Te aceito como um substantivo abstrato que eu não consigo tocar, só sentir.


Luana Gabriela
09/01/2011

<< >>