O dia seguinte não veio


Você foi embora. Não esperou que o dia amanhecesse. As palavras foram tão ásperas que você decidiu não tentar a reconciliação e nem cumprir: Não deite o Sol sobre a tua ira. Não me desculpei. Porque na realidade ainda sinto aquilo tudo. Aquela coisa de não ser bem amada, o que não quer dizer que não sou amada. Eu queria só te explicar que amor é cuidado, carinho, dedicação, não um monte de abraços, beijos e sms de vez em quando.

Era isso. Eu queria te ensinar como amar, como namorar, como sermos nós. A gente prometeu não ser egoísta e o fim veio justamente pelo nosso egoísmo. E sabe do que mais? Eu não quero ninguém. Porque não aprendi com meus erros, porque erraria tudo igual ,com você, com outro. Porque embora seja clichê, talvez o problema seja eu não você. Porque sou tão egoísta a ponto de só querer quem já sabe amar. E você nunca soube. O que não quer dizer que nunca amou, eu sei. Sei seus argumentos de cor. Sei tudo de você.

Sei que detesta as manhãs, sei que trabalhar melhor à noite, seu tipo de filme favorito, sei que não come feijão, sei que não bebe, sei que fala palavrão. Sei que fui marcante em tua vida. Fui. Só não sei se fui real. Se você acredita em minha existência ou me faz habitar em um de seus vários universos paralelos. Você me deixou entrar em seu mundo tão pequeno, eu ocupei todo o espaço até você me jogar para fora, porque de alguma forma eu estava te sufocando, ainda que fosse te dando a liberdade que você sempre pediu. Você pediu que eu entendesse seu egoísmo, eu fui egoísta e não quis entender. Você me pediu que te esperasse, mas eu já estava esperando tanta coisa, que não deu. Eu perdi você. Como quem perde uma moeda pequena, faz pouco barulho, pesa pouco, e você não sente falta até que precisa exatamente daquele valor.

Acordo, tomo meu café, espio o tempo, tudo desejando secretamente a sua volta. Desejando um pedido de desculpas seu. Racionalizo: Pior do que esperar algo que a gente acredita que pode acontecer é esperar algo que a gente sabe, que jamais vai acontecer. Tem dias que o Sol parece nem nascer. Você era o Sol dentro de mim. Agora tudo aqui é inverno e frio. Tudo bem, sempre foi minha estação favorita. Desde aquela madrugada nunca mais amanheceu.

Luana Gabriela
28/01/2011

Evaporar


“Nenhuma palavra dói mais do que a ausência de palavras. Você não é tolo e sabe muito bem disso. Você me impunha um silêncio devastador. Sumia, não dava notícias, fazia de propósito, queria me ver chegar perto da morte, paralisada, sem forças. Eu esperava o telefone tocar, ele não tocava. (…) Esperava o apito do meu computador avisando a chegada de um novo e-mail, ele não apitava. Esperava uma carta, um sinal de fumaça, uma mensagem no celular, esperava que você aparecesse e trouxesse consigo alguma palavra. Esperava e esperava e esperava. E você não vinha. Você me deixava a sós com esse silêncio que dói mais do que um grito arranhado, do que um corte profundo na carne, que dói mais do que a palavra dor”.
(A chave da casa, Tatiana Salem Levy)



Chove. Chove como em quase todas as tardes de verão. E eu, seca por dentro. Seca como o Sertão que de tanto esperar, morre lentamente.  A morte mais dolorida, a morte que tem telespectadores à distância, a esperança. Chove. E eu que detesto a praia, fiz dela o meu reduto. Não me ardem os braços e as pernas, vermelhos, mais que os olhos, também vermelhos. Descobri que não há males que o mar não cure e que o concreto das cidades não cutuque novamente. Eu que não gosto do Sol, fui inundada por ele, e levada a agradecer a Deus por tê-lo criado. O mar é um carinho de Deus para corações partidos, doloridos e para os olhos cansados de tanta verdade fria.

Passei tardes inteiras sentada, num bar à beira mar, pedindo latas e latas de refri, espiando o movimento dos bombeiros, descobrindo a dor de amor do garçom. E quem diria, Reginaldo Rossi, que os garçons também sofrem? E que escondem as lágrimas, porque não podem beber em serviço. Eu que tenho a quem me ame, e não quero amá-lo. Eu sozinha como sempre, porque mesmo quando ele estava comigo, me sentia só. Eu que descobri que amor é voz, mais que letra. Eu que descobri que amor não existe fora da gente. Eu que descobri que numa relação amor recíproco não é tudo. Eu que descobri que sinto falta do pouco que tive. Eu que prefriro continuar com nada que ter pouco e me contentar. Que me desculpem todas as minhas teorias sobre o amor ser uma escolha, o mar não é uma escolha, o Sol não é. Tudo que é infinito e criado por Deus, simplesmente é e não depende de mim para existir.

Amor, exista! É uma ordem, uma dor imperativa. Exista, que eu não mergulharei em ti, como não mergulho no mar. Exista, que o experimentarei somente no raso, molharei meus pés. Exista que me protegerei de ti como do Sol, até no inverno. Exista. Assim como Deus a quem eu não vejo, às vezes não sinto, mas sei empiricamente está comigo. O vento que vem do mar seca a chuva que o céu derrama. Evaporar.


Luana Gabriela 
26/01/2011

Novo endereço

O blog Não Quero Falar Disso agora mudou de nome e de endereço, para continuar acompanhado o blog acesse: www.marginaliasubversivas.blogspot.com


Obrigada!

Pensamento

Eu não sinto falta do que passou. Eu sinto falta do futuro que nunca veio.

Luana Gabriela

Quase perfeito, nosso amor, não fosse o final (REC)


“Não acredito que os opostos se atraem
Mas porque será que nós nos afastamos tanto
Quando ficamos tão iguais?”

Depois de um dia qualquer, corrido, pautas e prazos a cumprir. Ligo o computador, baixo um cd que me enviaram, corro para o banho, quero relaxar. A música que toca entra pelos meus ouvidos, e remexe tudo dentro de mim.

Eu me prendi entre teus dedos,
quando peguei na tua mão
Eu me tornei você tão cedo,
quando senti teu coração
Batendo junto ao meu,
Como se fosse o meu.
O amor que eu vou te dar
é bem maior do que você imagina
Deixa a luz do sol entrar,
e veja o que ele te ensina
O amor que eu vou te dar
é bem maior do que você imagina
Deixa a luz do sol entrar.
Você me diz seja bem vindo,
de agora em diante eu sou seu lar.
Cansado de buscar abrigo,
agora você pode descansar.
No peito meu, como se fosse o teu lar.

Tudo que eu tenho tentado matar em mim ressuscita com uma insistência bíblica, três dias e você reaparece em minha mente, com meu chocolate favorito. Com um filme romântico, com beijos secando minhas lágrimas. Eu vou te escrever até o último dia, escrever traz à tona tudo que eu sufoco, que afogo em lágrimas que não choro. Na porta de tua casa, o beijo na chuva, o beijo do super-heroi, alguém anda por aí e deve ter algo para me oferecer que você não quis. Mas ele não será você. Não é fácil. Senti teu coração tão acelerado como o meu, nosso medo infantil de sermos rejeitados, de não dar certo, o certo às vezes pode ser o errado. Eu não queria ter batido a porta, virado às costas depois de ter dito tanta coisa. Mas eu nunca disse que não te amo. Eu iria além, se você quisesse ir também. Eu sonhei com você na semana que passou, eu fecho os olhos quando o ônibus passa pela rua em que a gente sempre se encontrava, eu gostaria de mudar de cidade. Há lugares em que eu não mais quero voltar. É inútil, pois você vai comigo aonde eu vou.

Eu quis tanto te amar comedidamente, a gente combinou não se lançar por medo. Não do outro, mas da gente mesmo. Ainda espero tuas palavras de arrependimento, desculpas, ainda tenho tanto para te dizer eu vi tantos sinais, eu vivi tanto cada segundo, e nada morre dentro de mim.

Ainda vive aqui tudo que você falou do “Eu te amo, embora você nunca acredite” até o “Me deixe em paz, boa sorte”. Quem foi que mentiu nessa história? Eu dizendo que não acreditava no teu amor, ou você dizendo que amava? E esse medo gigante que não passa de nunca mais acreditar, que eu seja capaz de amar sem medo, de dizer que amo? E essa racionalidade ridícula que você tanto amava? Ainda sou seu amor, sua exceção, sua doida, ainda sua. Sempre sua. Porque aquela que fui com você jamais existirá para outro alguém.

Você age de um jeito,
Se comporta ,como alguém que não se importa,
Com o que restou de mim,
E quando a luz se apaga você chora,
Revivendo aquela hora,
Que você... desejou o fim.

Eu iludida, como uma criança, fico a espera de seu telefonema, de seu e-mail, ao mesmo tempo em que torço para nunca te encontrar na rua, eu não sei como agiria. Eu quero alguém que me cure desse amor pela metade, desse fim adolescente, dessa dor que surge do nada, das memórias que ficam reaparecendo quando eu já havia esquecido, que me cure de ouvir minha razão, que faça meu coração gritar para que eu nunca mais ouça seu nome, que eu nunca mais lembre de tuas mãos, que eu me esqueça de quem fomos. 

Que não cometa os mesmos erros que você, que fique quando deseja ir, que chore comigo, que eu caiba nos braços dele, que a gente se encaixe como nós nunca nos encaixamos. Eu sei que foi um erro, mas ainda não tenho muita vontade de acertar. Tocando agora: 

A culpa é sua por não estarmos juntos
Você tem medo e não quer tocar no assunto
Ainda te afeto sei que você me entende
Se não me quer então por que me ofende?
Eu deixarei que o tempo se encarregue de fazer
Com que você me esqueça a cada amanhecer
Transformando os dias em silêncio
Matando aos poucos do jeito que você quer
Que você quer... Sabotamos outra vez o amor


Dentro de mim eu grito, ainda que em silêncio, “Se não há mais volta, vá”. O tempo passou, desliguei o chuveiro, meu rosto ainda molhado enquanto me arrumava para deitar, sem ouvir tua voz me desejando boa noite, deito com o refrão ecoando: 

Agora não quero acordar
Ainda há uma chance de encontrar
Alguém que eu
Queria tanto quanto eu quero você.

Os trechos são músicas do Reação em cadeia, do novo cd.

Luana Gabriela

Não é hora, não agora


Não é hora. Sei que já faz algum tempo que o fim chegou, mas não é o momento para um novo começo. Não, não é que ainda gosto dele. É que ainda gosto do que fomos. Da exceção que fomos. Era assim que a gente se chamava: exceção. Mas talvez fôssemos mesmo é “substitutos”, como naquele filme, Tudo acontece em ElizabethTown. Então, é o que eu disse, ainda não é hora. Porque não vejo claramente os meus erros. Mas já evoluí muito, consegui ver os acertos dele. Na verdade tenho medo de ver essa relação que passou com olhos de quem conhece ele, mais do que conheço a mim mesma. Tenho medo de olhar pra trás e descobrir um amor torto, mas verdadeiro.

Tenho medo de que eu é quem tenha feito sofrer, porque não sofri. E no fim sempre alguém sofre. Tenho medo de ter destruído sonhos puros que ele tinha, tenho medo que ele não entenda que eu precisava mais, e que eu queria mais dele, não de outro. Tenho medo de olhar pra trás e querer aquilo tudo de volta, mesmo as brigas mais ridículas. Tenho medo de tentar recordar demais a verdade, e lembrar o cheiro dele, a voz dele, o sorriso dele. Tenho medo de descobrir o amor, quando eu achei que ele nem tinha existido. Eu fico agindo assim sabe? Como quem está bem, e às vezes estou mesmo, mas nem sempre. Enquanto numa mesa qualquer eu e meus amigos rimos, eu imagino que ele nunca estaria ali comigo, ficaria sempre uma presença ausente. Mas aí eu vou pra casa, e não tenho para quem dizer: já cheguei, dorme bem. Te amo. Não se pode ter tudo na vida alguém me diz. E eu pergunto: Mas e amor e liberdade é possível?

Eu enganei. Eu disse no início que eu queria liberdade, mas depois queria me prender nos braços dele. Eu tenho medo, porque agora é exatamente o que eu quero de novo, um amor livre. E se eu começar algo e depois perceber que quero me prender de novo? É, você tem razão, eu sou muito confusa. Não sei o que quero, quem quero, como quero. Por isso que eu digo: Não é a hora. Qualquer pessoa que aparecer agora – porque sempre aparece – não vai ser boa. Porque eu não estou boa. Não tenho disposição pra isso de esperar alguém ligar, a janelinha da pessoa subir na tela do computador, um sms doce no meio da tarde. Não tenho disposição para tentar encontrar horários, descobrir um lugar bom pros dois. Eu quero mesmo é ficar em casa, curtir um filme, aproveitar meu novo edredon. É verão, eu sei, mas não consigo dormir sem edredon! Viu, só? Além de tudo, inteligente, divertido, que me acompanhe aos domingos, ele ainda tem que dormir de edredon no verão. Mais complicado impossível. Ah! Se esse alguém não existir, tudo bem. Às vezes penso mesmo que não conseguiria dividir a vida com ninguém. Ela sempre foi só minha. Pode aparecer, e pode não aparecer. Mas eu ficaria feliz se eu soubesse exatamente o que eu quero, já evitaria possíveis dores e enganos.

É que ainda não é a hora mesmo. Eu vezenquando acordo pensando que amor não existe. Só é amor mesmo de mãe e filho, nem no de pai eu acredito muito. Mas também tem outros dias que eu acordo achando que tudo exala amor. O abraço do amigo, o sms da amiga, o e-mail da ex-professora. Mas é especialmente por um motivo: eu não sei o que é amor. Eu?!

Luana Gabriela
16/01/2011

(Mais de) 500 dias com ele (in)


Só ele. Ele é quem curte comigo todas as músicas, todos os comentários, quem percebeu as situações se encaixando. Ele. Ele, que seria minha Summer. Como a troca de papéis de Sid Vicius e Nancy. Just one guy. The one.

Não sei exatamente quantos dias se passaram desde o nosso primeiro dia, que ele lembra e eu não. Mas é muito mais de 500. Algo entre seis anos. Destes, aproximadamente quatro, que o abraço dele é o melhor abraço, que o beijo dele é o mais carinhoso, que a voz dele é a que eu mais gosto, que a companhia dele é a que eu mais desejo. Loucura, amigos - amigos, amores à parte. Mas ser amigo é amar.

Amo aquele sorriso largo, que diminui os olhos dele. Amo aquele cabelo negro e bagunçado. Amo aquela pele branquinha, quente. Amo aqueles dedos, delicados e fortes ao mesmo tempo. Amo porque só ele me entende quando nem eu me entendo. Amo porque só ele me chama da maneira que mais gosto de ser chamada. Amo porque sempre, sempre sentimos saudade um do outro. A gente se afasta para quando voltar ter desculpa para ficar minutos quietos e imersos um nos braços do outro. Amo porque gosto de ficar com ele sem fazer nada. Estar com ele já é tudo.

Amo tanto que o deixo livre. Amo tanto ter sempre ele pra amar que me satisfaço assim. Às vezes tento curtir alguém, ser feliz, sem ele. Mas ninguém me faz tão bem quanto ele. Ninguém tem os olhos tão doces, o sorriso mais meigo, a pele mais delicada, o sentimento mais sincero. Eu não duvido de uma palavra que ele diz. Confio nele de olhos fechados e coração aberto. Ele que já me conheceu na fase Tom, que me viu a última vez na fase Summer. Ele que me faz acreditar. Em tudo. Até em amor de cinema.

Essa é a história de um garoto que encontra uma garota. Não é uma história de amor.

“Take me out tonight
Where there's music and there's people
Who are young and alive
Driving in your car
I never never want to go home”
There Is A Light That Never Goes Out - The Smiths

Assim o amor pode ser para sempre

 “I want to reconcile the violence in your heart
I want to recognize your beauty's not just a mask
I want to exorcize the demons from your past
I want to satisfy the undisclosed desires in your heart”

Undisclosed Desires - Muse

 
Quero o direito de errar. Quero poder gritar, apontar o dedo, te acusar de querer alguém vulgar não eu. Exatamente como já fiz. Quero o direito de não querer avisar ninguém que estamos juntos, de querer esconder você, de me esconder com e em você, quero o direito de esconder o amor, nesses tempos de superexposição.

Quero o direito de poder discordar de mim, quando digo que não dá mais. Quero o direito de poder reclamar de ti. Quero o direito de ligar quando quiser, seja pra pedir desculpa seja pra te xingar. Quero o direito de ser menos delicada. Te acusar de insensível, imaturo, socialmente inaceitável. Quero o direito de dizer que te amo, depois de dizer tudo isso. Quero poder te chamar de idiota, cretino, meu amor. Quero poder xingar teu time, tua banda favorita, detestar a tua mãe. Quero poder evitar encontrá-la.

Quero que você me queira, além da poesia, além dos carinhos, nos dias doces, nos dias amargos, quero que me encontre todos os dias da TPM, para suportar meus surtos de raiva, incompreensão e carência.  Quero poder desligar o celular e saber que ficará tudo bem quando ligar e eu não atender. Quero poder terminar e voltar, ir e chegar sem dar muitas explicações.

Me aceita assim?

Se disser que sim, eu te aceito também. Nos domingos em frente à tv, vendo jogos dos times que não me interessam, te aceito mesmo você odiando MPB, Muse, Kings of Leon, Killers, Abril. Te aceito com esse óculos escuro que eu detesto, com esse tênis largo, com essa calça grande, com essa camisa apertada. Te aceito com essa fobia de família e amigos super simpáticos, te aceito mesmo quando você não entende as poesias e me pede para explicar.

Te aceito com sua agenda apertada, com sua postura nada educada na hora de argumentar, te aceito com palavrões escapando, com verdades ditas para magoar, te aceito querendo ficar sozinho quando algo ruim acontece, te aceito quando me deixa em casa, quando vai pro futebol, quando não me deixa ganhar no vídeo game. Te aceito com sua mania de me pedir pra tomar menos café, de me lembrar que se eu voltar a fumar me mata, de me mandar ler mais biografias, menos romances, de me instigar a voltar a compor, de me fazer tentar escrever sobre outra coisa que não amor.

Te aceito com esse jeito estúpido de me pedir menos romance, mais ação. Te aceito quando reclama da minha comida, quando deixa o café fraco e doce, quando não joga o lixo, quando me diz para ser menos dramática, menos Maria do Bairro, menos má, menos Paola Bracho. Te aceito com seu jeito menos doido, menos falante, menos alternativo. Menos eu. Mais você. Te aceito com reticências. Aceite minhas aspas, minhas exclamações, minhas vírgulas entre sujeito e verbo. Aceite esse sujeito indefinido que sou. Te aceito como um substantivo abstrato que eu não consigo tocar, só sentir.


Luana Gabriela
09/01/2011

No not a trace Of doubt in my mind

"Casal perfeito é o que se separou alguma vez para voltar mais sereno e apaixonado" Capinejar

Te quero de volta. Com a voz em meu ouvido, com o riso solto em meus cabelos, com a boca hidratando minha pele, com o hálito hortelã matando minha sede. Te quero de volta. Para te chamar de meu, para dizer que sou sua. Te quero de volta para ouvir que me ama, para desacreditar, para provar que não foi em vão. Te quero e quero que me queira também. Te quero igual para fazermos diferente do que já fizemos. Te quero para ocupar meu lado esquerdo, para atender teu chamado na sala, para conhecer tua cozinha, jantar discutindo a política nacional, elaborar nossas agendas para caber o filme antes do jogo de futebol.

Te quero de volta para te pedir perdão, para desdizer o não, para ficar em silêncio mesmo morrendo por dentro. Te quero de volta para te contar que decorei teu telefone depois que nos separamos. Para dizer que quero tua companhia no cinema. Teu nome em minha agenda, teus cheiro em meus poemas. Assumo, publicamente, não escondo mais: Te quero de volta. Ainda te amo. Que falhei em te amar comedidamente. Que falhei em te esquecer e só com as lembranças do que vivemos, me apaixonei por você, pela quarta vez. 

Te quero de volta para vestir tua blusa na chuva inesperada. Te quero de volta para que você seque minhas lágrimas com beijos. Te quero de volta para não te deixar mais ir sozinho ao cinema. Para não te deixar mais. Não me deixe também. Não me deixe livre como se não tivesse ninguém, embora eu saiba que agora não há. Te quero de volta para iluminar minha pele, beijar meus dedos, confessar meus medos e desejos. Te quero de volta para gente aprender a amar. Para encontrarmos a nós mesmos nos outros. Te quero de volta para alimentar a parte de mim  que nasceu de ti, contigo. Te quero de volta, ainda que seja como amigo. Contanto que preservemos o riso, que segure minha mão no escuro, que afoguemos nossa solidão em xícaras de café, juntos. 

Te quero de volta para vivermos tudo que ficou para ser vivido e não nos permitimos. Quero viver até o fim definitivo. Falhei na tentativa de provar que esse amor era uma mentira. Não quero falhar numa possível nova tentativa. Te quero de volta pra dizer que não mudou nada, eu não mudei, você não mudou, e ainda é teu nome que ecoa em minha mente quando eu penso em amor. Já esqueci os detalhes do teu rosto,  já esqueci teu cheiro, não demora. Volta antes que eu esqueça teu riso mais bobo. Te quero de volta mesmo sabendo que isso é errado. Não há prova maior de que ainda te amo. 

Luana Gabriela
02/01/2011
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