Com você

Me pega em teus braços. Me abraça bem forte, faz aquela massagem que só você sabe. Uma massagem quase completa com o calor de tuas mãos quem sabe me ajude. Sua presença é terapêutica, aliás tua existência é. Me desculpa vai? Por não valorizar teu esforço em me fazer feliz, sem deixar que isso te deixe triste. Eu te disse que eu era egoísta, eu avisei que não era boa, que eu só parecia. É pode ser isso mesmo que você disse, a gente se apaixonou porque achamos que éramos bons, e permanecemos juntos quando vimos o lado ruim do outro. Pode ser, acho que você tem razão, só pra variar. Eu sei, também te amo. Não, isso eu já não sei responder. Eu já te disse que amor não é merecimento, que sou dramática, poética e tenho um humor ácido na maioria das vezes e que talvez eu coma tanto doce porque sou muito amarga.

Você sabia que eu te detestava há quatro anos? E que há 3 anos e meio eu me torturava por sonhar beijar você, te abraçar e que agora, este tempo todo depois, só me torturo por não termos nos dado chance naquela época, eu teria evitado tanto sofrimento, você sabe. Quer dizer sabe o que eu deixei você saber. Não quero conhecer teu passado, quem passou pelos teus braços antes de eu chegar, não quero saber quem ocupou teu lado direito no cinema, não quero saber quem andou se cobrindo com seu edredom azul que eu adoro.

Eu não te conto nada e você não me conta. Mas é que eu esqueci mesmo muito do que já passou e eu ouvi uma música que diz assim: Não me lembro como eu era antes de você, então, juro, eu não me lembro. Com quem eu ia ao cinema, para quem eu ligava nas horas boas e ruins, para quem eu respondia como foi meu dia, e para quem eu perguntava se estava tudo bem. Eu não me lembro. Minha terapeuta disse mesmo que eu tenho isso de apagar as memórias tristes, então, eu não me lembro como eu era antes de você.

Eu vou parar de falar agora, antes que eu me perca (mais ainda) de tudo que eu tinha em mente. Me desculpe por não querer ter filhos, mas querer casar logo. Me desculpe essa necessidade de espaço que eu tenho e me desculpa por não respeitar direito a sua necessidade. E, bom acho mesmo que preciso parar, mas não antes de dizer que eu precisava de alguém exatamente como você. Com essa falta de jeito pra amar, com esse brilho de medo e amor no olhar, com esta perna tremendo antes de entrar na minha casa, conhecer minha família, eu precisava de alguém que me protegesse de mim, que me fizesse dizer não aos meus medos e desejos, ambos tão intensos, eu precisava e tinha que ser você.

Tinha que ser você com esse jeito bruto e amoroso ao mesmo tempo, de dizer que me ama, mas que não vai fazer o que eu quero, e depois fazer mais do que eu esperava. Eu precisava disso, de alguém que me avisasse das poças na rua, que realizasse em um só dia meus três pedidos: cama quente, filme e beijo na chuva. Eu precisava de alguém que me dissesse pra tomar menos café e mais refri. Eu precisava de alguém que fosse o oposto do que eu sou, e admirasse esse ser ruim que eu sou. E acho, que você também precisava de alguém como eu. Que te ama e não pede nada em troca, que ouve uma frase bonita e te retribui com um abraço. Alguém que quer te cuidar, eu andei lavando suas roupas, comprando suas meias, eu andei pensando em fazer isso pra sempre. E mais, eu só preciso que você me ame, exatamente como você faz.

Eu estava errada esse tempo todo eu não precisava de alguém com as mesmas convicções e paixões que eu, seu mundo completa o meu e o meu o seu. Está tudo bem agora que os monstros dos nossos medos dormem embalados pelos sons dos nossos beijos. Dorme amor, eu vou ficar aqui olhando pra você, como você não gosta que eu faça. Dorme, que eu vou ficar sonhando acordada.

Luana Gabriela
29/09/2010
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