Ai

Eu vou falar bem baixo, espero que ele não me ouça. Mas como ele me dói às vezes. E não é uma dor ruim, sofrida, é uma dor de felicidade extrema que eu achei que nunca iria viver. É uma dor que assusta de tão boa. É como a dor de fazer um piercing, uma tatuagem, só que você sente aquela dor, aquela alegria e aquele prazer o tempo todo. Você se sente mais bonito porque é uma dor boa de sentir. Me dói essa vontade de querê-lo para sempre, logo. Esse medo de fazer tudo errado e estragar o que poder ser certo pra sempre. Esse medo de achar que o certo é o errado e estragar nosso futuro. Que medo eu sinto de que isso passe e a gente nem perceba.

Eu me assusto com esse sentir todo que é tão bonito e que vem de mim, que não sou nada bonita por dentro. Me assusta o modo como quero cuidar dele, mesmo que seja eu quem precisa de cuidados. Ai que medo eu sinto de perdê-lo, de me perder de mim, mas afinal quem sou eu de verdade? Aquela cinza antes dele ou essa toda colorida depois dele? Me diz, alguém, quem eu sou afinal? Que felicidade e paz são essas que me invadem mesmo nos dias em que tudo parece dar errado, e mesmo diante do silêncio dele escancarado, a lembrança do sorriso e do tempo ao lado dele que passa tão rápido, me acalmam o coração: Nessas horas lembre-se que eu te amo, foi o que ele me recomendou. Remédio. Cura. Exceção. Esse amor dosado, que eu finjo ter escolhido, esse amor que é de verdade, que não é inventado, que me reinventa, que é minha verdade mais contraditória, que é a dor que mais me faz feliz. Esse amor que eu sinto que é a coisa que eu mais gosto em mim. Ai esse amor que me tira as palavras, que me enche de silêncios doces, que me encanta e que me deixa encantada. Ai esse amor, ai de mim. Ai que dor boa de sentir, o peito apertado o amor querendo sair... Ai, eu suspiro baixinho ...

Luana Gabriela
08/2010
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