Desejo


Para ler ao som de: Dois - Tiê

Te desejo o Sol, mesmo que eu prefira os dias de chuva. Te desejo nuvens, em formas divertidas. Te desejo companhia para imaginar as formas das nuvens. Te desejo dor, pra valorizar o riso. Te desejo euforia, pra valorizar a alegria profunda de às vezes poder ser triste. Te desejo a sinceridade de um beijo negado, de uma verdade incômoda, de um caminho com pedras e espinhos. Te desejo amor. Seja como for. De uma amizade colorida, de um namoro escondido, de um beijo roubado, de um beijo pedido, amor de amigo, amor de irmão, amor de amante, tudo junto.

Te desejo letras, músicas, mar, chuva. O peso do rock, a calmaria da bossa nova, a improvisação de um espetáculo teatral, a edição de um blockbuster. Te desejo um poema por dia, uma vida por segundo, um documentário por noite. Te desejo vida. Contato. Comunicação. Verdade. Solidão. Companhia. Tempo, correria. Café para acordar, chá pra acalmar, amor para viver. Te desejo que você tenha os mais lindos desejos. Um violão na mão, um ombro ao lado pra descansar a cabeça, um colo para repousar. Te desejo dias dedilhados, abafados, amplificados, musicais. Te desejo a rima guardada, grudada nos dedos, o cheiro de beijo, de chuva no ar.

Te desejo páginas de crônicas, romances, reportagens, mentira reais e inventadas, pra gente viver mais. Te desejo um amor digno de canções do Roberto Carlos. Um amor digno das crônicas do Carpinejar. Te desejo a profundidade e a leveza do ser; e de se deixar ser e deixar o outro ser e quem sabe ser dois, ser nós; ter laços. Te desejo abraços dados, partidos, coletivos, gratuitos. Te desejo lágrimas pra alimentar teu riso. Te desejo. E basta. Me deseje também. Amém.

 
Luana Gabriela
26/12/2010

 

Se soubesse seu nome, seria o título deste texto



Sinto falta de um sorriso, de uma voz em meu ouvido. De dedos dedilhando meu cabelo, de massagem nos meus dedos, de repouso pro meu amor. Porque eu mesmo quando não estou amando, ainda amo. Sinto falta de acordar e ganhar beijos nos olhos, de alguém reparando na cor do meu esmalte toda semana, de alguém reclamando que passei gloss. Sinto falta de sms´s com músicas inusitadas pra falar dos sentimentos mais clichês, sinto falta de entender porque eu, se eu não sou ninguém.

Sinto falta de receber ligações curtas e muito significativas “liguei pra dizer que te amo, tchau”. Sinto falta de ter de dar explicações: Como assim está namorando e não me diz? Sinto falta de ter vontade de assistir filmes, ou de dormir no ombro aconchegante na sala do cinema. Eu sinto falta de mim quando amo. Do mundo bonito e cheio de esperança que eu vejo mesmo quando assisto telejornal. Sinto falta de abraço, de colo, de pequenas brigas e até de longas discussões. Sinto falta de não ter o que responder quando me perguntavam: Pra onde está indo esse relacionamento?

Sinto falta de ter alguém em quem pensar antes de dormir e logo ao acordar. Sinto falta de ter vontade de ler textos românticos – eu não leio mais – nem vejo filmes bonitos. O que eu ando lendo mesmo são cadernos de economia e filmes de ação, eu levanto pra pegar pipoca nas cenas bonitas. Eu não quero ver o que eu não vivo mais.

O mais triste, ou talvez não, é que não sinto falta dele. Do ex. Sinto falta de parte do que ele me dava, mas mais ainda, sinto falta do que ele não soube me dar. Sinto sede de proteção, segurança, mimo, romance. Um amor que transborde, não só em mim. Um amor de mais ações e menos palavras. Mais voz e menos e-mails. Mais domingo à tarde, que segunda à noite. Talvez menos intenso e mais longo, quem sabe pra sempre? Um amor mais possível. Um amor menos dramático, que eu não precise simplesmente abandonar tudo que sou e acredito. Um amor em que eu possa ser eu. Um amor em que ele possa ser ele e que me seja o suficiente. Que eu não cobre o que ele não pode me dar. Que eu apenas sinta sede da água que posso beber.


Luana Gabriela
22/12/2010

“Já não me lembro do seu rosto
Depois de tanto tempo, nem consigo ouvir sua voz
Já não tenho mais certeza se o passado é real
Quando não restam vestígios que provem que não enlouqueci”.
Esquizofrenia – Square


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Leia entrevista exclusiva: Martha Medeiros fala sobre seu novo livro Fora de mim e comenta os rumos da literatura nacional - AQUI


“Que medo alegre o de te esperar”. Clarice Lispector

Era uma garota sozinha. Uma garota com olhos fundos, castanhos, pele branquinha, cabelo cada mês de uma cor. Era um garoto sozinho. Ainda não se via a cor dos olhos nem da pele. Pode ser parecida com a dela, pode ser que não. Algo que cresce devagar, que nasce pra mudar uma vida, é uma nova vida a dois. Era um sonho que se realizava. Era o amor materializado. Era tudo de que precisava, alguém que precisasse dela.

Ela canta pra ele, músicas tão calmas quanto o lento piscar dos olhinhos dele. Lá dentro. Às vezes as músicas não têm letras, às vezes tem uma frase só: Eu te amo. Dizem que pode ouvir, embora pareça longe, estando tão perto. Vezenquando ele manda um recado, cutuca, faz ela sofrer um pouquinho, mas ela já aprendeu não existe mesmo amor sem dor. Era seu pequeno lar. Era ali que ela passaria a morar eternamente, e enquanto ele crescer, porque amor se alimentado só cresce, e ele era o amor em carne viva, ela diminuiria um pouco mais. Não há espaço para “eu” depois que ele passa a existir. O amor respira. O amor chora. O amor sangra. O amor tem vida e pode morrer. O amor é ele. Aquele pequeno pedaço de céu que é seu e de ninguém mais.

Ela sussurra algumas palavras de madrugada, como “te esperei tanto”, e acredita que ele possa ouvir, mesmo se estiver dormindo. Ele é lindo, mesmo quietinho. Apesar de ainda pequeno, a preenche tanto que não há mais vazios. O amor ocupou tudo. Ela transborda de amor. Anda por aí, sorrindo, o dia cinza e ela sorri. A chuva cai e ela sorri. "Vamos passar por tudo juntos, “estarei sempre aqui”, porque amor mesmo que longe, a gente ainda pode sentir. Passaremos noites acordados, dormiremos de dia, sonharemos nuvens de algodão, pelúcias de travesseiro, passearemos pelos parques, brincaremos nas balanças como os casais de filmes, dormiremos no sofá durante os filmes, acordaremos já cantando. E mesmo quando a gente brigar, ainda vai ser por amor. Jamais seremos sozinhos, eternamente teremos um ao outro. Eu já te amo tanto que tenho medo de você não chegar", adormeceu sonhando.


Luana Gabriela
17/12/2010

Minha alma congelando racional, apenas pra se sustentar. (Square)


É claro que preferia ser a outra. Aquela que ria, se apaixonava, sofria e continuava a acreditar no amor. Não deixei de acreditar que ele exista, deixei de acreditar que ele exista pra mim. Não sinta pena. Porque sofro bem menos do que sofria antes. Posso perceber choro muito menos agora. Quando sinto a falta dele (do amor e não de alguém específico) eu lembro que não é racional sentir falta do que não se teve. E então eu sorrio e penso que pode ser sempre assim. E existem os livros, os amigos, aquela pessoa pra quem você liga quando quer receber carinho, aquele ex-amor, atual amigo, que sempre te atende, que sempre tem palavras lindas pra dizer sobre você.

E aí quando você desliga o telefone e pensa: eu poderia me apaixonar por ele de novo, e a racionalidade chega e você lembra que não é ele quem você quer. Você quer alguém mais normal, com sonhos, planos, e não alguém que esteja apenas esperando a vida passar. Alguém que não tente controlar o que sente - você esqueceu que se tornou alguém assim. Você esqueceu que se tornou exatamente o que não queria ser. Alguém que não se preocupa com o sentimento dos outros, o importante é que não te magoem, que você não se machuque. Porque seu coração tem estrias. Enche de amor, esvazia. Enche, esvazia. Eu sei, é triste. Se não estivesse eu escrevendo este texto, eu ficaria triste e com dó de quem o escreveu. Mas com o tempo passa. 

Pode ser que a verdade esteja escondida bem fundo em mim, em um lugar onde ninguém ainda conseguiu chegar. Talvez seja um lugar escuro, protegido por espinhos, com obstáculos como cicatrizes. Tem que chegar delicadamente, sem que eu perceba, e quando eu me der conta já esteja instalado, que seja guardião dessa preciosidade chamada esperança no amor, esperança nas pessoas.  Que seja delicado pra procurar sem me machucar, acima de tudo. Já que me curar é impossível.

 Luana Gabriela
16/12/2010

Palavras amargas


“Um sentimento bom que há muito tempo eu não sentia por alguém”. Sentimentos bons também sinto e por muitas pessoas, inclusive por quem me fez sofrer, ainda sou capaz de desejar muitas felicidades e blá blá blá. Me desculpe você que achou que dizendo isso me faria bem. Querido, não fez. Na verdade gerou um misto de dó, com surpresa ruim. Porque eu detesto sentir que alguém gosta de mim e eu não gostar dessa pessoa também. E isso em qualquer nível. Seja em amizade, professor, aluno, só goste de mim se eu também gostar de você.

Aliás, você saberia isso se me conhecesse, mas você não me conhece. Sabe meu nome, conseguiu meu telefone - eu ainda nem sei como, e descobriu o bairro em que moro e daí? Você mesmo perguntou se sou comprometida, se trabalho, estudo... Você não teve nenhuma resposta, embora tenha dito que estava ansioso por qualquer resposta. Muito obrigada ilustre admirador conhecido, você fez com que eu decidisse ser o mais breve o possível em minhas palavras, fez com que eu optasse por terminar com qualquer possível chance de termos alguma coisa, em três linhas. As mais curtas e doloridas da minha vida. Porque dói. Eu já estive em seu lugar. Mas se ele tivesse me dito assim: Não dá, somos só amigos, eu teria ficado feliz. Mas, na verdade nem amigos somos. Você não me conhece. E não é possível que alguém me admire como você diz fazer, sem me conhecer. Admira o quê? O sorriso, as brincadeiras, que você assiste de longe? Nem meu cheiro você conhece. E o cheiro é que desperta sentimentos bons.

Por hora não quero sentimentos bons. Quero o que não tenho, e acredito que nunca tive, amor. Você não pode me dar isso. Prefiro ficar sozinha. Mas, me perdoe a frieza, obrigada pelo seu carinho. E pra você que eu nunca escrevi nada, fique com minhas palavras amargas. Abraços.


Luana Gabriela
15/10/2010

Novidades

Fim do ano é tempo de repensar atitudes e todo o blá blá blá que vocês já conhecem.
Inspirada nessa vibe - ano novo, vida nova -  venho pensando em unir todo o conteúdo dos meus blog´s em um só. O escolhido para receber as postagens do 500g de Cultura e do Vento com Som de Riso foi o Não Quero Falar Disso, por inúmeras razões que não me cabe explicar aqui. 


Acontece que além disso o Não Quero Falar também vai mudar de URL. Fiquem atentos caso queiram continuar acompanhando meus textos. Assim que tiver um novo nome, e URL vou publicar em um dos outros blog´s e aí definitivamente deixá-los. É preciso saber redirecionar as coisas, para não perder o que é importante. 


Beijos para todos, até mais ler.

Feliz Aniversário


 passaria a vida inteira te cuidando, te beijando na chuva, dançando m
Saia da minha mente. Queria que fosse fácil assim, expulsar você dos meus pensamentos como eu fiz da minha vida, há alguns anos. Tudo bem, na verdade eu não te expulsei, a vida e tudo que aconteceu fez com que essa distância se criasse. E os relacionamentos que tivemos nesses anos não foram capazes de sufocar essa coisa, que eu sinto. Não tem nome. De tempos em tempos eu apago teus números, eu te bloqueio no msn, eu não quero te ver. Mais aí você aparece, diz que quer me ver, sente saudade, me chama do modo como só você faz, e que eu amo. Somos amigos, como não vou querer? Te abraço, tão forte e por tanto tempo, é exatamente nos teus braços o meu lugar. Esses braços carinhosos, essas mãos com dedos tortos, que tocam meu rosto, o baixo, esse seu olho tão pequeno quando sorri, essa sua risada que fica gravada na minha memória mesmo quando há tempos não a ouço.

Não sei exatamente o que sinto, mas é tanto. Eu não consigo te dizer não. Eu largo tudo o que estiver fazendo, o que estiver marcado, eu te escondi os meus namoros, só te contei quando acabaram, eu tive que descobrir os seus porque você também não me contou. E eu ainda não entendi porquê. Me diz, se você souber. Por que não prologamos aquela noite, pro resto de nossas vidas? Eu passaria a vida inteira te cuidando, te beijando na chuva, dançando músicas bregas, esquecendo aqueles dois que não nos quiseram. Nem sei quanto tempo faz isso, mas eu nunca esqueci. Embora  a gente nunca tenha tocado no assunto, parece que fica sempre uma coisa no ar: será que ela sabe o que houve? Eu me questiono. Eles não saberão. Ninguém saberá. Fico com a boca fechada pra ficar com seu gosto em mim, pra sempre. Eu sei que você sabe, eu sou tua. E o complemento da frase não sou eu que vou escrever. Mas também não te espero. Amanhã você vem me ver e não precisa  me trazer presente, você é o presente que eu gostaria de ganhar. As vezes acho que amo você, às vezes tenho certeza. 

Ps: Só me dê parabéns, quando eu conseguir te conquistar.

Luana Gabriela
10/12/2010


(In)

Que haja entre os casais mais reticências que pontos finais. Pela intimidade, pela cumplicidade os diálogos sejam curtos, abreviados pela fala de concordância do outro. Que ele faça parte da vida dela, não apenas seja uma parte separada da vida. Mas que sejam sujeitos complementares do verbo amar. Que haja comunicação, risos, bilhetes, emails, sms´s. Que haja acima de tudo, proximidade dentro. 

Luana Gabriela
Dez. 2010



(In)

Que haja entre os casais mais reticências que pontos finais. Pela intimidade, pela cumplicidade os diálogos sejam curtos, abreviados pela fala de concordância do outro. Que ele faça parte da vida dela, não apenas seja uma parte separada da vida. Mas que sejam sujeitos complementares do verbo amar. Que haja comunicação, risos, bilhetes, emails, sms´s. Que haja acima de tudo, proximidade dentro. 

Luana Gabriela
Dez. 2010



Artista Paranaense participa de exposição internacional


A arte de Désirée Sessegolo, designer e empresária paraense, não conhece fronteiras. A artista participa de uma exposição coletiva em Nova York, na Galeria Ward-Nasse. O evento acontece de 15 de dezembro a 06 de janeiro de 2011 e também terá a participação de outros artistas contemporâneos brasileiros. 

As peças de Desirée que compõem a exposição foram desenvolvidas através de um método de fusão especial. As esculturas são de vidro trabalhado com técnicas específicas e únicas que as tornam fortes na estrutura e de essência delicada. Désirée trabalha com cerâmica e vidro há três anos e busca constante aprimoramento. “Iniciei com cerâmica e em seguida a cerâmica com queima em Raku e depois com vidrofusão”, explica.  


Para conhecer melhor o trabalho da artista acesse: www.ceramicaevidro.com




Redação: Luana Gabriela
Fotos: Divulgação




Sobre quando amei

Eu amei quando escrevia seu nome junto ao meu na parede da minha casa e contornava com um coração. Eu amei quando ouvi você dizer: A sua inteligência com a beleza dela formaria a mulher perfeita. Eu amei quando então bati a porta e te mandei ir embora. Eu amei quando te vi chorar por outra. Eu amei quando abri mão de ti porque minha melhor amiga também te amava. Eu amei ao dizer "não" a um pedido de namoro porque amava outro. E eu continuei amando quando disse o segundo não por causa do mesmo outro. Eu amei quando o busquei em outros braços, eu amei quando confessei isso. Eu amei quando não me declarei, por sermos então melhores amigos. Eu amei quando não o procurei. Eu amei quando calei o que queria dizer. Eu amei quando segurei as mãos dele por poucos segundos, escondido, e o meu coração acelerou. Eu amei quando eu disse que gostava, mas que passar muito tempo junto me enjoava. Eu amei quando ao acordar lembrava dele e chorava. Eu amei quando ao deitar, lembrava e chorava. Eu amei ao desejar a ele felicidade quando voltou com a namorada. Eu amei ao esperar um ano, ou mais, por um abraço, um beijo. Eu amei quando descobri que ambos queríamos mas que não ficaríamos juntos. Eu amei quando me abri pra ele, quando mesmo machucada eu permiti que ele permanecesse em minha vida. Eu amei quando briguei, quando corri atrás, quando pedi perdão. Eu amei ao me distanciar, eu amei quando disse que não sabia se gostava de verdade dele, pra ele. Eu amei tanto que não me canso de escrever. Eu amei tanto que nunca tive coragem de dizer. De todas as maneiras que se pode amar sozinha eu amei. Agora eu quero amar dizendo sim, andando de mãos dadas para todo mudo ver. Eu quero amar escrevendo abertamente sobre e pra você. Eu quero amar de todas as maneiras que se pode. Amar tocando o repertório que eu aguardo pra você, amar escrevendo bilhetes e espalhando pela casa. Amar com a insegurança de ser aprovada pelos seus amigos, pela sua família, amar sabendo que sou amada também. Meu desejo é poder amar com tudo que posso e do meu melhor jeito, alguém que realmente mereça isso. E por escrever também sobre quando pude viver o amor que eu senti, a dois. E sobre quando fui amada.

Luana Gabriela

Talvez pela última vez

Você possui um talento enorme, que eu desprezei. Você usa a sinceridade como uma arma, igualzinho eu costumava fazer até me ferir. Você sabe meu bem, isso é tudo que vai nos acontecer. As feridas sangram e saram, mas as cicatrizes nunca nos deixam. Você poderia fazer cirurgias para melhorá-las, uma dor para curar uma lembrança dolorosa, te parece justo? Eu não sei. Você ainda se lembra do meu riso? Pois eu, bem, eu não me lembro. Embora o seu não me saia da mente. Tudo bem, querido vamos escrever uma nova história, quem sabe uma nova canção, há outros nomes a serem sussurrados durante a noite, você pode adivinhar por quem eu tenho chamado? Eu poderia apostar que mesmo em silêncio, meu nome ecoa de teus lábios, agora que eles vivem fechados e já não me chamam de amor, já não me beijam.

Você sabe bem como eu costumo exercer o desamor, e você também duvidou de minha habilidade. Aqui estou eu, com mais resiliência do que eu gostaria. E você sabe bem que eu, bom, como canta minha banda favorita, você sabe bem que eu poderia usar alguém como você. Eu só não sei bem, como usar este sentimento enorme de vazio preenchido que você me fazia sentir, e que eu continuo sentindo depois que você partiu. Você sabe que não costumo ligar, nem chamar para sair. A solidão sempre foi minha companhia mais fiel, mesmo quando estávamos juntos. Você me conhece o suficiente para saber que nunca vou traí-la, ela é minha melhor amiga.

Você que me conhece há tanto tempo ainda não se deu conta, que meu tempo é diferente, que eu conto a vida por amores, que eu não sei esperar, que eu desespero e pronto. Você bem deve se lembrar não era eu que ligava aos prantos pedindo abraços, eu sempre chorei em silêncio, protegida de qualquer olhar, qualquer um que pudesse ouvir as bobeiras que eu tinha pra reclamar. E eu nunca te ligava. Eu falava de você como se você fosse apenas mais um amigo, e agora nem isso. Esqueci de te dizer: és meu primeiro ex que não dá nem pra ser amigo. Espero que estejas feliz, uma categoria só tua. É um pouco daquela ironia, que você tanto adorava em mim. Tudo que eu não gosto e que você adora, as marcas na pele, a racionalidade, a cicatriz na orelha. Está na hora de eu esperar por alguém que goste do meu melhor, não do meu pior. E de alguém que me faça agir mais de acordo com o meu melhor, não com o que há demais terrível em mim. Alguém que me desperte para a emoção, para acreditar no inacreditável, para sonhar mesmo que com os pés no chão. E você sabe bem, que eu não consigo dizer não.



"I’m leaving you for the last time baby
You think you’re loving,
But you don’t love me
I’ve been confused
outta my mind lately
You think you’re loving,
But you don’t love me
I want to be free, baby
You’ve hurt me
You hurt me bad but I won't shed a tear

Estou te deixando pela última vez, baby
Você acha que está amando,
Mas você não me ama
E fiquei confusa
Fora de mim ultimamente
Você acha que está amando,
Mas eu quero ser livre, baby
Você me machucou
Você me machucou feio, mas não vou derramar uma lágrima"
 Warnick Avenue

Pra você que não me lê

Lá vai. Este é meu primeiro texto pra você. Justo pra você que não me lê. Que acha que eu devo largar essa coisa de poesia e romance, você que acha que isso me faz mal. Você que lê meus cadernos de rascunhos, meus textos brutos. Você com toda essa sinceridade merece a minha sinceridade também. Embora você tenha entendido tudo errado da única vez em que eu disse que te amo. E eu tive que ficar uma semana tentando te convencer que era amor de amigo, que inclusive é o mais puro amor que eu consigo sentir por alguém, aliás, talvez seja o único amor que eu sei sentir.

Escrevo pra você. Pra você que odeia as músicas que eu ouço. Que não gosta dos filmes que eu vejo. Que me obriga a assistir filmes de terror, que me liga de madrugada pra dizer que ganhou no futebol, que acabou de terminar. Pra você que me deixa dormir na cama maior, que sempre me dá os presentes perfeitos, que fez questão de esquecer que eu te fiz sofrer. Você que me liga pra contar que está namorando, justo pra mim que demorei meses pra te contar que estava, mas que te liguei assim que não estava mais. Pra você que me atende na sala de aula, no meio do expediente do trabalho, pra você que diz pra tentar ser feliz, e esquecer o que passou. Pra você que me ouve te ligar chorando, e que sempre me faz rir antes de desligar.

Eu, estou aqui. Te escrevendo, lendo nossa relação pelas minhas palavras. Você que me abraça forte, uma, duas, três vezes seguidas e eu nem preciso dizer porque estava com tanta saudade de um abraço forte. Você que reclama da minha comida, mas tem vindo almoçar comigo toda semana. Você que desconfia que eu te amei desde o começo, e não sabe que eu te detestei quando te conheci. Você que fez comigo um pacto de não nos apaixonarmos e de nunca ficarmos, e você que me fez descumprir o pacto mais idiota que eu fiz na minha vida. Você que me escreve pra saber como está o sol, como foi a viagem, como vai minha procura por trabalho. Você que deixa seu cheiro em meus dedos depois do abraço, que me diz quase toda semana “eu sou o cara perfeito pra você, admita”, você que eu acho que me ama sem saber, você que eu já achei que amava um dia. É para você que eu escrevo, e eu queria que alguém como você fosse o personagem principal dos meus textos, mas alguém como você não existe. E te escrever é o que posso fazer, este é meu primeiro texto sobre e para você, que não lê o que eu escrevo, mas lê minha alma e meus desejos. 


Luana Gabriela

Não sei escrever sem sentir

Já queria poder escrever uma história: um conto ou romance ou uma transmissão. Qual vai ser o meu futuro passo na literatura? Desconfio que não escreverei mais. Mas é verdade que outras vezes desconfiei e no entanto escrevi. O que, porém, hei de escrever, meu Deus? 

Clarice Lispector - O relatório da coisa

Martha Medeiros fala sobre seu novo livro Fora de mim e sobre o atual cenário da literatura nacional

Martha Medeiros é gaúcha de Porto Alegre, a cidade celeiro de grandes nomes da literatura nacional. Admirada por muitos escritores brasileiros, ela lança seu novo romance “Fora de mim”. Não há lançamento previsto para Curitiba, mas o 500g de Cultura conversou com a escritora sobre a nova obra, sobre literatura na internet entre outros temas. Acompanhe a entrevista completa, concedida por e-mail. E ainda um trecho do livro e uma pesquisa de preços entre as maiores livrarias presentes em Curitiba.
Lançamento do Fora de mim na Livraria Saraiva,em Porto Alegre

500g - Como foi o processo de composição desse seu novo livro: Fora de mim?
Martha - Comecei a escrever esse livro em 2008, numa época em que estava passando por uma tristeza semelhante a da personagem. Mas logo interrompi a continuação do livro e lancei o Doidas e Santas. Só agora, em 2010, é que retomei a narrativa, já desapegada daquela dor antiga e investindo fundo na ficção. O livro ficou completamente diferente do que eu imaginava no início.

500g - Sua obra Divã, já foi adaptada para o cinema e para o teatro. Há possibilidade ou alguma especulação de que o Fora de mim, percorra o mesmo caminho?
Martha – Não há nada conversado, mas se alguma atriz se interessar em montar o livro, estarei aberta a ouvir. O livro tem potencial para se desdobrar. 

500g - Esta obra é um romance, você já lançou livros de poesia, e é cronista em um dos maiores jornais do país: o Zero Hora. Em qual estilo literário você se sente mais a vontade, por quê?
Martha - Tenho mais prática com a crônica, ela faz parte do meu dia-a-dia. A poesia segue sendo um “hobby”. Mas é a ficção que hoje me dá mais prazer, pois é mais desafiador, eu ainda não tenho fôlego suficiente para contar uma história longa, então é através da ficção que me exercito mais, me aplico mais, dou mais de mim.

500g - Atualmente há milhares de blog’s literários em língua portuguesa. Muitos autores alcançam oportunidade para publicar através do trabalho na web. Você acredita numa geração de escritores vindos da web para os livros?
Martha - Acredito, claro. O blog não é excludente, não é um gueto, é apenas mais um veículo de divulgação de textos. Porém, como são muitos os blogs, é difícil encontrar alguém que realmente se sobressaia, mas há muita gente boa escrevendo. 

500g - Você costuma ler blogs literários? Se sim, quais?
Martha - Sinceramente, não acompanho blogs, não tenho tempo. Às vezes alguém me indica alguma coisa, dou uma olhada, mas não me torno fiel.

500g - Quais autores foram fundamentais para sua formação como escritora?
Martha - Tudo que eu leio, até hoje, me ajuda na minha formação, mas se eu tivesse que citar apenas um nome, citaria Marina Colasanti, ela foi decisiva na minha formação como mulher, mais do que tudo. 

500g - Que livro está lendo atualmente?
Martha - “Os íntimos”, da portuguesa Inês Pedrosa. Estou gostando bastante.

500g - O Rio Grande do Sul é conhecido por lançar diversos escritores reconhecidos nacionalmente, só entre os autores contemporâneos pode-se citar Luis Fernando Veríssimo, Caio Fernando Abreu, Fabrício Carpinejar e você. Há alguém que você possa apontar como expoente da literatura gaúcha atualmente?
Martha - Luis Fernando e o falecido Caio são ícones incontestáveis, assim como Lya Luft. Gosto muito do trabalho da Cintia Moscovich, mas quem realmente tem se destacado na paisagem literária gaúcha é mesmo Fabrício Carpinejar, que parece ser um vulcão em constante erupção, lida com as palavras de um jeito vigoroso e criativo, e sua literatura está não apenas no que ele escreve, mas na forma como vive, se veste, se expressa. Não existe distância entre autor e obra.

Para quem busca visibilidade no meio literário nacional, quais são suas dicas?
Martha - Paciência, antes de tudo, porque o mercado não consegue absorver tanta gente produzindo. Humildade, porque há aqueles que pensam que possuem mais talento do que realmente têm. E perseverança. Outra coisa: muita leitura. Muita! E ter uma vivência real, gostar da vida no que ela tem de bom e ruim, se jogar, ser uma pessoa que não veio ao mundo a passeio, mas que se entrega às suas emoções.

Leia abaixo um trecho do Fora de mim: 

“Eu sabia que terminaríamos, eu sabia que era uma viagem sem destino, sabia desde o início e não sabia, não sabia que doeria tanto, que era tanto, que era muito mais do que se pode saber, ninguém pode saber um amor, entender um amor, tanto que terminou sem muito discurso, foi uma noite em que você quase pediu, me deixe. Ora, pra que me enganar: você realmente pediu, sem pronunciar palavra, você vinha pedindo, me deixe, olhe o jeito que te trato, repare em como não te quero mais, me deixe, e eu, de repente, naquela noite que poderia ter sido amena, me vi desistindo de um jantar e de nós dois em menos de dez minutos, a decisão mais rápida da minha vida, e a mais longa, começou a ser amadurecida desde o dia em que falei com você pela primeira vez, desde uma tarde em que ainda nem tínhamos iniciado nada e eu já amadurecia o fim, e assim foi durante os dois anos em que estivemos tão juntos e tão separados, eu em constante estado de paixão e luto, me preparando para o amor e a dor ao mesmo tempo, achando que isso era maturidade. Que idiota eu sou, o que é que amadureci?”

O livro está à venda nas melhores livrarias de Curitiba.
Confira os preços:
Saraiva (Online): R$ 19,80
Livrarias Curitiba (Online): R$ 29,90
Fnac (Online): R$ 23,90 

Entrevista: Luana Gabriela
Foto: Rodrigo Lorandi - Fonte: www.saraiva.com.br

Jovens escritores e a web: Cah Morandi representa uma nova geração de autores nacionais

A web é um celeiro de novos talentos da literatura nacional. São inúmeros os blogs literários em língua portuguesa. Não há estimativa de quantos, já que a cada dia novas páginas são criadas e outras tantas deletadas. Um dos exemplos mais conhecidos dessa geração de escritores que alcança visibilidade na internet está Carine Letícia Morandi, mais conhecida como Cah Morandi. 

Com apenas 23 anos de idade já tem um livro publicado e é responsável por diversos blogs literários. Confira abaixo uma entrevista exclusiva com uma das representantes da nova literatura nacional.


Cah Morandi é uma das mais jovens revelações da literatura brasileira


Quando surgiu seu interesse pela literatura?
Sempre tive um gosto aguçado para a leitura. Desde sempre tive interesse em livros, em conhecer novos escritores. É um amor voluntário pelas palavras.

Quando começou a escrever em blog?
Comecei o primeiro blog em 2006. Iniciei não com a intenção de divulgar as poesias, mas sim para falar do cotidiano, da minha vida. Aos poucos fui partilhando os meus escritos, e aí foi se espalhando, tendo procura, e fui escrevendo mais também... até que o blog virou somente de poesias. Depois montei um de crônicas, que ainda está começando a andar.

Tem algum livro publicado?
Sim, tenho. Lancei em agosto de 2008, com mini poemas, o livro se chama "Borboletas no Estômago".

Porque a preferência pelo estilo literário de crônicas?
Na verdade a crônica é uma paixão que tenho desenvolvido desde 2008, muito forte na minha essência é a poesia. Mas como ler é um hábito que vai nos levando a novas experiências, a poesia as vezes não comportava tudo que tinha para ser dito.

Quais são seus escritores prediletos?
Tenho uma paixão louca por Clarice Lispector. Quem não tem, não é? Li Perto do Coração Selvagem com 13 anos. Claro que não entendi nada, e fui reler depois de adulta, mas desde lá ela ganhou meu coração. Hoje fazem parte da minha "biblioteca pessoal" Lya Luft, Carpinejar, Gabriel García Marquéz, gosto muito de Nélida Piñon e Saramago. E claro, tenho muitos blogueiros que gosto de acompanhar.

De onde vem sua inspiração?
Dons. São dons que Deus nos dá, e é Ele mesmo que nos capacita e aperfeiçoa.

Qual o ponto positivo e negativo da popularização dos blogs literários?
O ponto positivo é que muito gente boa, literalmente, saiu do armário. Vejo muitas pessoas se destacando, escrevendo muito bem, tendo boas experiências, sensíveis. É importante que surja essa diversidade, somos em milhares, e há vários tipos de leituras. Acho fantástico. O lado ruim disso tudo, são os plágios, acontece muito comigo, por isso é importante ter tudo registrado e se precaver com a possibilidade de problemas futuros. Tem mais uma coisa, iniciar um blog é dar "a cara para bater", acontecem pessoas muito interessantes, mas surge também críticas pesadas sobre o seu trabalho. Nunca me importei, não preciso provar nada para ninguém, está lá para quem quiser, minhas palavras são livres.

Você lê alguns blogs? Quais?
Leio muitos blogs, tenho salvo uma lista imensa nos favoritos do meu computador, todo dia dou olhada em alguns, tiro o tempo para a leitura. Tem muita gente com idéias fantásticas, com escritos incríveis. Vale destacar os blogs da Cris Souza - Blog Trem da Lira, Priscila Rodê - Mar Íntimo.   

Você acredita que pode vir a ser uma espécie de Fabrício Carpinejar de saia? Seguindo o mesmo caminho de sucesso que ele?
Seria ousado da minha parte. Fabrício é ótimo, acompanho sempre, compro os livros e devoro num dia. Ele tem um raciocínio íncrivel nas crônicas, e um final arrebatador. "O amor esquece de começar" e "Canalha" são meus preferidos. Inclusive "O amor esquece de começar" é meu livro de cabeceira, junto com o último da Lya Luft "Múltipla Escolha".

Quanto a mim, escrevo, publico. Não faço grande divulgações, mas meu leitores são muito fiéis e levam meu trabalho para muitas pessoas. Todos os dias recebo e-mails carinhosos, e o Twitter também tem colaborado muito. No orkut tem muita poesia minha acontecendo. Fico muito feliz que tenham pessoas se encontrando através das minhas palavras. Hoje não me arrisco a nada, deixo os planos para Deus.

Deixe um trecho de um de seus textos favoritos:
"Esteja atento, não há nenhum aviso prévio, nenhum sintoma antecedente. Quase nem vai lembrar de muitas coisas, apenas da última vez que esteve sobre a plataforma, da última vez que sugou o ar, da última luz que acendia na cidade. Sempre será assim, fazemos as coisas de forma diferente quando as fazemos a última vez.

Há apenas um dia decisivo em toda nossa vida: aquele em que optamos por nosso futuro. É o dia do vôo. Tudo que vivermos depois da escolha será nossa vida inteira."

Qual o endereço dos seus blogs?

De crônicas é o Um olhar para sentir http://umolharparasentir.blogspot.com/ . E tenho o de poesias: http://carinemorandi.blogspot.com

Quem quiser entrar em contato com você pode fazê-lo de que forma?
Através dos blogs e no Twitter também (@cahmorandi). Além de e-mail, claro: poesia@cahmorandi.com.br. Fiquem à vontade!

Há algum projeto literário seu em andamento?
Há pretensões. Estou com muita vontade de publicar um livro somente de crônicas, e em pequenos passos, tenho trabalhado para isso. Tenho paciência, para tudo há um tempo.

Quais são seus conselhos para quem faz literatura na internet?
Saibam usar essa poderosa ferramenta, registrem seu trabalho antes de colocar na rede, leiam outras pessoas, compartilhem textos, façam parcerias, dê possibilidade para ser encontrado. Não faça mil artimanhas para chamar as pessoas para seu trabalho, se ele for bom e interessante, com certeza será buscado. Ah, e não desistam... virá muita gente fazer críticas destrutivas, mas pelas boas pessoas que serão encontradas no caminho, valerá a pena!


Redação e Entrevista: Luana Gabriela da Silva
Foto: Cah Morandi

Verbo


Amor é verbo. Cuidar, proteger, abraçar, entender, aceitar, querer.
Amor é verbo que só pode ser conjugado por "nós". 


Luana Gabriela
04/11/2010

Verbo


Amor é verbo. Cuidar, proteger, abraçar, entender, aceitar, querer.
Amor é verbo que só pode ser conjugado por "nós". 


Luana Gabriela
04/11/2010

Well, I've been holding on tonight


Já é madrugada. O escuro lá de fora não faz sombra em mim, estou escura também. Eu já sinto sua falta. Eu sempre sinto quando a gente se despede com um abraço mais apertado, um beijo mais doce e demorado, um “Eu te amo”, mais sincero. Eu te esperei 22 anos. Quanto tempo mais eu terei de esperar?

Você ficou parado, me vendo partir. Mas eu estarei sempre aqui. Eu que não te vejo ir, sei que amanhã já não estarás mais. Você vai e eu nem posso te pedir para ficar, argumentar com a vida, com Deus, com quem fosse... “Por favor, não o deixe ir”. Você não tem escolha. Eu também não tive, eu amo você. E embora eu realmente tenha achado que no início isso era uma escolha minha, hoje eu sei, se pudesse eu não te escolheria. Não que você não seja bom, é porque eu não estaria sofrendo como estou agora.

Talvez você não entenda. Mas eu tenho chorado todas as noites desde que soubemos que você teria de ir. E eu nem sei quando você volta. Quando vou poder estar com você de novo. Eu que não ando numa fase muito boa, só sorria porque você estava comigo, não vou ter mesmo pra quem sorrir.

Eu já sinto sua falta. Eu já sofro por antecedência toda a dor e a saudade de um mês, dois, três, ao todo só Deus sabe quantos são. Eu não tenho dormido direito. Eu não tenho sonhado mais. E agora, o que eu faço nestas madrugadas em que passarei acordada e não terei tua voz ao telefone, ou teu abraço no dia seguinte? Eu não sei. Mas eu sinto muito. Muito.

Uma dor que eu não achei mais que fosse sentir, uma dor de deixar a felicidade ir, de estar sendo injustiçada pela vida, um amor recíproco, com uma distância não voluntária, com medo de perder, que me faz sofrer, eu não merecia. Você não merecia. Eu só queria mesmo é que a gente pudesse ser feliz, amanhã quando o sol nascer.

Luana Gabriela
22/10/2010

O que será que acontece pra gente, um dia, não se querer mais? (F)


Era primavera embora ainda fizesse frio. E no frio a pele pode ficar seca, os lábios podem rachar se não houver cuidado. No inverno interno de qualquer ser humano o coração pode secar, rachar, sem cuidado. A solidão parece-me um tanto quanto necessária, ainda que eu saiba ser ela quem alimenta esse estado seco do seu (meu) interior.

Mas bem, depois das palavras frias que dissemos, nem nossos corpos quentes podem fazer muito por nós dois. Afinal, para me esquentar bastam os cobertores. Você era meu cobertor favorito, teu peito meu travesseiro mais confortável, seus lábios meu hidratante mais eficiente, seus olhos o espelho mais real, seu amor o remédio natural que fui recebendo em doses homeopáticas.

Faz frio. Aqui, em você, em mim, entre nós. A primavera deste nosso amor durou exatos cinco meses, até que o frio se instalasse. Eu não sei exatamente quando começamos a ficar fora de órbita, meu mundo girando sobre o próprio eixo e o seu desacelerando. Não encontramos um equilíbrio. Não foi possível nos encontramos na mesma órbita, tocar no mesmo tom. Tentamos. E só de pensar em te fazer sofrer, juro, quase chega a me doer também. Se não fosse tão grande essa dor que eu sinto, por você não ser quem eu queria, era capaz que eu sofresse por te ver sofrer.

Eu que só queria te fazer feliz. Eu que só queria te amar, te mostrar o lado bom de viver. Eu que acabei aprendendo coisas sobre você que jamais imaginei. Eu que tive minhas fraquezas expostas pelos teus lábios, outrora tão doces, agora amargos. Nada mais pode ser como antes.

Tudo foi tão intenso. O começo, o meio, o fim. É porque eu ainda não disse, mas estou a ponto de dizer: Não dá mais pra mim. Não dá mais pra fingir que não faz diferença falar ou não contigo, fingir que fica tudo bem se a gente não se vê, não dá mais. Não dá pra limitar tudo que eu queria te dizer e aquelas palavras tão bonitas que não faziam diferença pra você, amanhecem mortas dentro de mim, e são essas palavras aqui, depois de uma noite em claro, são estas palavras que ficam vivas em mim: Não sei se quero mais. E esta dúvida está sendo cada vez mais nutrida pela sua ausência, pelo seu silêncio. Eu que não tenho chorado, lavei o rosto para simular as lágrimas que precisavam cair e não caíram, eu que acreditei no nosso amor, hoje não  acredito mais em mim.

Eu que tinha certeza de que podíamos ser pra sempre, desconfio que foi eterno enquanto durou.

Luana Gabriela
16/10/2010

"Versos de uma morte anunciada"

Ausência.
Silêncio. 
Lágrimas.
Morte.
Uma sequência e tanto quando o personagem é o amor.


Luana Gabriela

Arte Natural

Arte manual, trabalhada com matéria prima natural. Assim pode-se resumir a Marchetaria. A palavra vinda do francês marqueter pode ser traduzida como “embutir”, e refere-se à arte de ornamentar superfícies planas de móveis, pisos e quadros, por exemplo. A base do trabalho é a madeira, mas também pode ser feita com plástico, pedras, metais, etc. De acordo com a técnica utilizada pode-se construir objetos tridimensionais, esculturas, utensílios diversos, quadros, bandejas, porta-jóias, entre outros”, explica Peno Ari Juchem, que trabalha com marchetaria há muitos anos. 

 Uma das obras que compõem a exposição 

O economista e artista realiza sua primeira exposição individual na Livrarias Curitiba, do Shopping Estação, até o fim deste mês de outubro. O interesse pelos trabalhos manuais surgiu ainda na escola, no interior do Rio Grande do Sul. “Ao longo dos meus 69 anos venho me interessando por atividades em madeira. Tenho feito inúmeros artefatos e artesanatos, inclusive com as técnicas de entalhe, filigranas, traforismo e marchetaria, sempre utilizando serra tico-tico manual e estiletes. Essas ferramentas exigem grande destreza e acuidade artística”, conta. 

Peno lembra que foi a partir de 2008 que os trabalhos manuais se direcionaram para a marchetaria. “Fiz um curso dessa técnica, ministrado pelo professor Silvio Antônio Cáceres, no Centro de Criatividade de Curitiba. Desde então tenho me dedicado mais especificamente a essa arte milenar”, diz. O talento do artista já é internacionalmente reconhecido. Peno é atualmente o único sócio do Brasil membro da American Marquetry Society, também possui três trabalhos publicados na revista The American Marquetarian, edição Summer 2010, editada pela associação.

A inspiração para o trabalho tem diversas fontes. “Desenhos, gravuras, quadros, trabalhos de design, moldes e uma infinidade de trabalhos que podem ser adaptados para as diversas técnicas de marchetaria. Curiosamente o cotidiano é uma fonte inspiradora muito valiosa, basta ter senso de observação e perspicácia, pois, um dos meus quadros que muito aprecio teve origem numa toalha de mesa com motivo natalino. Com a toalha debaixo do braço cheguei na copiadora e pedi uma cópia de uma parte dela. A atendente, meio sem jeito, disse: Senhor cópia da toalha? Afirmei que sim e assim surgiu o molde para o meu quadro chamado Natal”, lembra.

Trabalho com inspiração natalina

Peno explica que por enquanto não há uma nova exposição em vista. “Por ora pretendo continuar aperfeiçoando as técnicas de trabalho, pois esta arte exige um contínuo aprimoramento em termos de dedicação, paciência, perspicácia e habilidade artística. Em termos de marchetaria, como em outras artes, a gente continua sendo um eterno aprendiz”, conclui. 

Saiba mais sobre a Marchetaria
Registros históricos revelam que os primeiros trabalhos que se têm conhecimento desta arte, datam de aproximadamente 350 a.C. Localizados na Turquia, no Mausoléu de Halicarnasso, considerado uma das Sete Maravilhas do mundo. Estes primeiros trabalhos eram, em geral, incrustações em mármore.  

As técnicas de trabalhar e o ferramental utilizado seguem evoluindo ao longo dos séculos, possibilitando assim, que o corte dos materiais utilizados passe a ser feito com o uso de estiletes e serras, principalmente manuais, mas também já com a utilização de serras elétricas, porém mais eficientes. Isso permite o corte de traços sinuosos com muita precisão e assim um maior detalhamento e melhor nitidez de motivos complexos.

“A minha área de trabalho concentra-se no uso de lâminas de madeira muito finas, espessura de 0,7 mm, de várias espécies e tonalidades, que, depois de marcheteadas são aplicadas em bases de madeira, geralmente formando quadros com ênfase em cenários naturais, flores, animais, geométricos, entre outros”, explica.

Serviço:
Local: Livrarias Curitiba – Shopping Estação
Data: Até 30 de outubro


Redação: Luana Gabriela da Silva
Fotos: Divulgação 


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